Escolher bem para não passar mal
- Rosa Miranda

- 27 de ago. de 2018
- 2 min de leitura

A cada dia que passa, o eleitor brasileiro recebe novos alertas sobre o necessário cuidado na hora de escolher seus representantes nas urnas. Um rápido balanço, publicado pela jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, revelou números que seriam um tanto inacreditáveis, se o país em questão não fosse o Brasil. Os 513 deputados e 54 senadores que encerram em dezembro os seus mandatos estão deixando um legado de mais de 10 mil propostas legislativas nas gavetas, sem terem sido votadas.
O número é tão elevado que representa cerca de 80% de tudo o que foi apresentado nas duas casas legislativas do Congresso Nacional desde o início de 2015, quando estrearam os atuais deputados federais e teve início a segunda metade do mandato dos senadores eleitos em 2010, que saem este ano. Ainda de acordo com os números divulgados, a maioria das propostas que conseguiram ser aprovadas nesta reta final da legislatura diz respeito a homenagens a categorias profissionais, segmentos sociais e outras amenidades que só servem mesmo para arrumar votos na campanha seguinte.
O período de “esforço concentrado” anunciado para este mês fracassou vigorosamente. Quase nada de importante foi votado, exatamente pelo alto número de ausentes. E esta semana foi noticiado outro balanço nada favorável aos 90% de parlamentares que disputam a reeleição em outubro. Das 14 propostas econômicas elaboradas pelo governo-tampão do presidente Michel Temer (MDB) – que se encerra junto com o mandato dos atuais deputados – somente uma foi aprovada até agora, a que criou a lei de reoneração da folha de pagamento. Das demais, oito permanecem nas gavetas da Câmara e cinco no Senado.
Os presidentes das duas casas juram que vão colocá-las em votação logo após as eleições, no final de outubro. Mas acredite quem quiser que haverá número suficiente de congressistas para aprovar ou rejeitar qualquer matéria mais polêmica. Enquanto os que renovaram o mandato viajam ou descansam em suas bases após a dureza da campanha, a maioria dos derrotados não quer mais nem saber de cumprir os dois últimos meses do mandato.
Agora, antes de criticar deputados e senadores por não executarem o mais básico trabalho para o qual foram colocados lá, é preciso ter consciência de quem é, de fato, o responsável pelo pouco rendimento do Legislativo. Somos nós, o povo. É aquele eleitor que vai às urnas descuidadamente escolher um representante no poder sem se dar ao trabalho de examinar melhor sua ficha e seu passado.
É também o cidadão ainda mais descompromissado, que se recusa a votar e ainda enche o peito quando dá aquela justificativa idiota de que ninguém merece seu voto porque “é tudo ladrão”. Esse eleitor omisso é tão ou mais culpado que o desatento. E aqueles que verdadeiramente se preocupam com os destinos do país é que terminam pagando o pato. Seja ele amarelo, branco, vermelho ou cinza, a cor do nosso provável futuro.
Matéria original no site sergiomontenegro.com.br, disponível aqui.





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