Última curva antes do caos
- Rosa Miranda

- 20 de jul. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 21 de jul. de 2018

Nesta sexta-feira (20) teve início o prazo para que os partidos realizem suas convenções e homologuem seus candidatos a presidente da República, vice-presidente, governador e vice, senador e deputados. Para alguns, porém, a janela, que se fecha no dia 5 de agosto, é estreita. Presidenciável tem, mas vice é produto em escassez. Ou então oferecido a preços inflacionados. Apesar do tempo mais longo para articulações, poucas são as duplas já consolidadas. A maioria dos titulares ainda negocia alianças – de forma republicana ou nem tanto – para só então garantir o companheiro de chapa.
Hoje, pela manhã, alguns partidos aceleraram o processo. Ainda sem um vice, e dependendo de negociações com o PSB e o PT, o ex-ministro do governo Lula, Ciro Gomes, teve a candidatura presidencial chancelada por aclamação na convenção do PDT. Será a terceira tentativa de chegar ao Planalto feita pelo ex-governador cearense, que começou a carreira no PDS e já passou pelo PMDB, PSDB, PPS, PSB e PROS até chegar no PDT. Ciro já foi confirmado, mas seguirá conversando com PT e PSB, ciente de que as chances de acordo com os petistas – irredutíveis em lançar um cabeça de chapa – são bem menores.
Já o PSC também confirmou nesta manhã a candidatura do ex-presidente do BNDES no governo Michel Temer, Paulo Rabello de Castro, ao Palácio do Planalto. Igualmente sem candidato a vice, o empresário paulista acredita em garantir uma mulher como companheira na disputa.
Na noite da quinta-feira (19), após uma nova rodada de conversas, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) cedeu aos caprichos dos sete partidos que formam o Centrão (DEM, PP, Solidariedade, PR, Avante, PRB e PHS). Em troca do apoio – que dará à chapa encabeçada pelos tucanos a maior fatia do tempo de propaganda gratuita na TV e no rádio – foi indicado ao presidenciável o nome do empresário Josué Alencar (PR) para vice. O Centrão também exigiu nos termos do acordo com os tucanos algumas vagas majoritárias nas disputas estaduais e, segundo informações de bastidores, já estaria elaborando uma lista de cargos a serem ocupados por representantes dos partidos em um futuro governo Alckmin.
Por conta a insistência teatral na candidatura do ex-presidente Lula, cujas probabilidades de se consolidar, por conta da prisão, diminuem a cada dia, o PT enfrenta uma séria ameaça de isolamento nas eleições para o Planalto. Como paliativo, fez um aceno nesta semana à ex-deputada gaúcha Manuela D’Ávila, pré-candidata do PCdoB à Presidência, para ocupar a vice. O aliado preferencial dos petistas para a vaga seria o PSB, mas os socialistas cansaram de esperar por uma definição no PT e já se encaminha para o palanque de Ciro Gomes.
Curiosamente, quem parece enfrentar as maiores dificuldades para encontrar um vice é o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro. Embora nunca tenha sido um grande articulador político – até pelo seu estilo autoritário e intransigente – o deputado-capitão lidera todas as pesquisas de intenção de voto quando o nome de Lula é retirado da lista. Ainda assim, amargou recentemente as recusas dos convites feitos ao senador Magno Malta (PR) e ao general da reserva Augusto Heleno (PRP).
A terceira opção de Bolsonaro é ainda mais impopular que algumas de suas propostas mais radicais. Ele sugeriu chamar para vice o general da reserva Hamilton Mourão, aquele que, no ano passado, deu entrevistas defendendo a intervenção militar no Brasil para combater a corrupção na política. Mourão é, atualmente, pré-candidato do PRTB à presidente, e uma composição com o PSL dependeria do aval do seu partido. Caso a articulação fracasse mais uma vez, Bolsonaro tem no banco de reservas os nomes da advogada Janaína Paschoal – a “musa defensora do impeachment” – e o do pernambucano Luciano Bivar, presidente do PSL.
Matéria original no site sergiomontenegro.com.br, disponível aqui.





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